Porquê você reza?
- Cris Shukla
- Jul 28
- 2 min read

Para quem você ora?
Quando criança frequentando Colégio de padres eu rezava todo dia na escola. Rezava, ia a missa, fazia confissões e pedia perdão.
Aí eu cresci e as orações do Colégio não me acompanharam.
Voltei a rezar muito tempo depois, quase com 30 anos quando grávida para pedir proteção. Da gravidez, com minha filha no colo continuei a rezar, pedindo para que ela fosse sempre protegida .
E acho que teria sido sempre assim, se não fossem as dificuldades e as tristezas que se seguiram depois. Quando tudo parecia não funcionar mais por que já estava destruído, passei a orar pedindo por força, compreensão mas principalmente por acolhimento em não me deixar cair em depressão. Nesse processo eu conheci o hinduísmo atráves do Yoga e de rudraska em rudraska fui completando meus japamalas, fui trazendo deidades para meu templo, fui abrindo um caminho de devoção.
Eu rezava, entoava meus mantras mas principalmente eu me dedicava pedindo que de alguma forma naquelas palavras eu me sentisse protegida, cuidada e abençoada. E por muitos e muitos anos foi assim que me encaminhei todos os dias a falar com o divino.
E continuaria tudo assim sempre , se algo interno não tivesse mudado. Observei que durante os dias felizes eu tinha mais preguiça de rezar. Eu enrolava mais e até não orava naquele dia. Mas nos dias tristes ou pesados, eu sentia que podia ficar por horas repetindo aquele mantra. E de repente me deu um estalo. Porquê a disciplina e força para orar era muito maior nos dias dia difíceis e nos alegres se pudesse eu escapava. Era como se eu nessa conversa com Deus eu só trazia assuntos complicados, medos ou tristezas. A parte feliz da minha vida não fazia sentido ser compartilhada com o divino, afinal já estava tudo certo . Nesse dia me lembro de pensar que se eu tivesse um amigo assim, que só me ligasse nos dias ruins com notícias ruins, eu provavelmente teria dias em que nem gostaria de atender a ligação dele. Fiquei imaginando então Shiva pensando : lá vem aquela lá com mais amarguras da vida.
E gracinhas a parte, mesmo compreendendo a magnitude e poder do divino, senti que diariamente não queria contar somente sobre minhas amarguras para ele. Mas também das belezas e pequenos milagres que vivo.
Queria poder também celebrar com ele as boas partes da minha vida. E com esse novo mindset meu tempo dedicado às minhas práticas espirituais ficou mais leve. Deixou de ter obrigatoriedade ou soar como dever, e passou a ser encontro. Encontro onde mais importante do que eu tenho para contar, o melhor do encontro vai ser sempre que bom que pude te ver hoje e tivemos esse tempo para estarmos juntos.
E você como tem se encontrado com Deus?





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